Carlos Henrique
Há anos nosso Coritiba vem penando em questões administrativas, financeiras e, principalmente esportivas. Essa penúria nos traz onde estamos hoje: na segunda divisão, sem uma perspectiva concreta de retornarmos à elite, de onde não deveríamos ter saído.
Com a falta de resposta do time em campo e da diretoria fora dele e com o movimento iniciado aqui, pelo Sergio Brandão, sobre discutirmos o Coritiba e seus problemas, convido os amigos a refletirem sobre o tema dessa coluna: Do que é feito um clube de futebol?
Alguns dirão que um clube é feito de suas conquistas de outrora, o que de fato é importante, más não é a essência nem a razão de existir de um clube, pois existem clubes sem essa história que figuram entre os principais do país hoje - vide o Paraná Clube, hoje em posição melhor que a nossa e sem nossa história. Há, também, outros que possuem um passado glorioso, más que já não reúnem condições de manter essa posição e hoje sofrem para manter-se vivos - casos de Portuguesa, Bangu e outros tantos.
Pode-se, também, dizer que um clube é feito de seu patrimônio, constituído de estádio, centro de treinamentos, alojamentos, toda a estrutura para comportar atletas e torcedores. Também creio não ser o caso. Basta olharmos para nosso maior rival que, com a empáfia que lhes é costumeira, costumam ostentar seu estádio, CT, estrutura moderna e até ônibus - Más encontram-se na vice lanterna do Brasileiro, não ganham títulos significativos há anos e raramente ganham um modesto Campeonato Paranaense.
Por outro lado, podem afirmar que um clube é feito de seu material humano - Jogadores, diretores, funcionários e assim por diante. Esse argumento também não se sustenta pelo fato de serem todos passageiros: Uns vão ao sabor do vento do dinheiro, outros ao fim de seus mandatos, más o clube permanece.
Um clube não é feito de seu passado - embora este seja importante. Também não é feito de seu patrimônio e nem das pessoas que o comandam ou o representam dentro e fora de campo.
Então, Carlos, do que é feito um clube de futebol?
Ele é feito de sua torcida! Sem ela não há sentido nas conquistas. Sem uma torcida não é possível construir um patrimônio - exceto por meios escusos, que me recuso a comentar aqui. Sem torcida não há a necessidade de um dirigente, de um jogador e nem sequer de um auxiliar administrativo.
E a torcida do Coritiba está cada vez mais afastada, por ter sido e vir sendo constantemente mal tratada, humilhada e colocada em segundo, terceiro e até quarto plano. E falo aqui da torcida verdadeira, não da apenas "meia dúzia" de sócios que restaram e aos quais são dirigidas as únicas palavras e explicações da diretoria.
Tenho ficado triste até quando da vitória do nosso time, ao ver um Couto Pereira praticamente vazio, sem a vibração e a mágia de outrora. O Green Hell, que anteriormente era o terror dos adversários, parece estar sendo usado para esconder a falta do motivo de existir do clube - sua torcida.
Em outros tempos, mesmo na segunda divisão e até na impossibilidade de jogarmos no Couto, a torcida estava presente, apoiando, vibrando e sendo o 12º jogador do time.
Nos resta, por ora, pedir encarecidamente ao presidente Samir Namur que não esqueça do motivo de existir do Coritiba Foot Ball Club: Sua imensa e apaixonada torcida, que vem se afastando paulatinamente do clube.
E por que desse afastamento? Peço a colaboração de vocês nos comentários e trataremos disso numa outra coluna.
SAV
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)