Mais um paranaense que se encerra de forma melancólica para o Coritiba. O que eu tenho concluído é que quanto mais se dá importância ao campeonato e quanto mais a diretoria o coloca como obrigação, mais vexames acontecem. Vejam que são próprios coritibanos criando uma arapuca onde eles mesmos caem.
Cresci ouvindo que a melhor forma de crescer e chegar onde desejamos é, em primeiro lugar, assumir o lugar em que estamos hoje. Tenho certeza que meia dúzia de saudosista vai falar N coisas mas a verdade é nua, crua e enquanto não for aceita, jamais haverá um ponto de partida.
Hoje, o Coritiba é coadjuvante. Refém das memórias e algemado a um orgulho cada vez mais ferido. Nossa história, nosso respeito, são itens empoeirados, esquecidos numa caixa de lembranças. É preciso aceitar que HOJE, nossa realidade é de inferioridade ao rival. HOJE.
Essa é a primeira verdade a ser enfrentada, antes de qualquer outra análise. Nos contentamos com pouco. Nos contentamos com uma pintura no couto pereira, nos contentamos com uma vitória no time C do rival, nos contentamos em ter uma marca de camisa meia boca.O primeiro paranaense campeão nacional, que chegou duas vezes em final de copa do Brasil, se contentando com tão pouco?
O segundo fato a ser enfrentado: somos um clube sem convicções. Lanço um desafio para você torcedor: me aponte quando foi última vez que o Coritiba teve alguma convição, seja na gerência do clube, seja no "chão de fábrica"?
Muito provavelmente a resposta será "não lembro". Não por memória mas é porque nunca tivemos! Uma analogia para exemplificar o que somos como clube é o descobrimento do Brasil. Embora a história não utilize esses termos, mas fomos descobertos na cagada. Não se sabia para onde queriam ir, mas chegaram em "qualquer lugar". O mesmo acontece com o Coritiba. A deriva estávamos e sem querer trombamos com duas finais de copa do Brasil.
Estávamos realmente preparados e planejamos aquilo tudo? Ou foi um ponto fora da curva? O passar dos anos, de 2013 para cá, responde essa pergunta.
É hora de enfrentar as ferias. Assumir nossa posição hoje e definir: afinal, aonde é que queremos chegar?
Enquanto o barco ficar a deriva, esperando o milagre de atingir a terra nova, corre o risco de sermos um TITANIC: grande, que orgulha, mas afundado pela confiança excessiva no incerto.
É hora de rever o clube. Rever o estatuto, o patrimônio e eleger uma chapa que não tenha projetos imediatistas. E que, principalmente, tenha culhão para bancar as decisões, ainda que não tragam o resultado esperado num primeiro momento.
O fruto só nasce e amadurece quando a raiz da árvore é bem cuidada.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)