Memória Coxa-Branca
Por: Kerwin Kuhlemann
Após navegarmos na história Coritibana relembrando a forma como o clube adquiriu o terreno onde fica atualmente o estádio Couto Pereira (capítulo 1 – clique aqui) e depois, como o estádio, na época chamado ainda de Belfort Duarte, contribuiu para o crescimento e consolidação do Coritiba como maior clube do Estado (capítulo 2 – clique aqui), iremos agora adentrar o período contemporâneo da casa de todo Coxa Branca, rememorando os motivos e razões que a levaram ser chamada “Gigante de Concreto Armado”.
Capítulo 3 – Couto Pereira, o Gigante de Concreto Armado
No início dos anos 70, o Belfort Duarte já era de longe o maior estádio do Estado do Paraná, comportando cerca de 31 mil pessoas. O setor social recém inaugurado já na gestão de Evangelino da Costa Neves chamava atenção nacionalmente, pois sua cobertura de concreto possuía 35 metros de extensão, sustentado por 20 vigas, sendo um dos maiores vãos livres do Brasil.
Em 1971, o clube construiu duas torres de iluminação de concreto ao lado da marquise social, substituindo as antigas que ficavam nos fundos do setor e que causavam sombreamento nos jogos noturnos pela posição em que estavam anteriormente.
Nesta época o Couto Pereira recebia cada vez mais pessoas, muito em virtude do crescimento exponencial do clube, que se prevalecia cada vez mais sobre os rivais locais. Diante disso a Diretoria Coxa Branca resolveu desenvolver ações para arrecadar mais recursos e ampliar ainda mais as dependências do estádio. Foi então que o Coritiba promoveu a publicação de revistas como o “Cori 70”, o “Cori Gigante”, o “Novo Cori Gigante” e a “Jogada Maior”. Através destas publicações os torcedores adquiriam cupons e concorriam a diversos prêmios incluindo eletrodomésticos, motos e carros. Tudo isso, aliado a venda de cadeiras cativas, auxiliaram o clube a levantar recursos suficientes para iniciar uma nova etapa de ampliação do estádio que começou pela curva de fundos, onde atualmente ficam os torcedores adversários no Couto Pereira.
O novo setor, que passaria a contar com dois anéis superiores, foi rapidamente executado pela construtora irmãos Mauad, sendo concluído já em 1972, aumentando a capacidade do estádio para 44 mil lugares. Em 1973, com a venda do craque Dirceu para o Botafogo/RJ, o clube conseguiu recursos suficientes para a execução da mesma obra, desta vez na curva de entrada do estádio.
Em 1976, Antonio Couto Pereira, Presidente por vários mandatos, vencedor de muitos títulos e um dos responsáveis pela aquisição do terreno onde o estádio foi construído, veio a falecer, causando grande comoção no clube. Nesse mesmo o ano, o conselheiro Cândido Gomes Chagas, com o apoio do Presidente Evangelino da Costa Neves, propõe a alteração do nome do Estádio Coxa Branca com a intenção de fazer a devida homenagem a um dos maiores presidentes da história do clube. Em fevereiro de 1977, ocorreu a votação entre os conselheiros do Coritiba, ocasião em que a proposta foi aprovada, fazendo com que o nome do estádio alviverde passasse a se chamar Major Antônio Couto Pereira.
Em março de 1978, num amistoso entre a Seleção Paranaense e a Seleção Brasileira o novo setor do estádio da curva de entrada é inaugurado, transformando o agora Couto Pereira num estádio vultuoso, gigante e imponente, com capacidade para 65 mil expectadores. Este período de ampliação do estádio coincidiu com uma época de glórias para o torcedor Coxa Branca, onde o time dentro de campo acompanhava o crescimento de seu estádio. Foi nesta década que o Coritiba conquistou o Hexacampeonato paranaense, o Torneio do Povo, a Fita Azul, e mais tarde em 1985 se sagraria Campeão Brasileiro, mostrando-se gigante dentro e fora de campo.
Em 1988, na gestão de Bayard Osna, o Estádio recebeu novas melhorias. A pista de areia em volta do campo foi substituída por grama, e os alambrados que separavam a torcida foram retirados, sendo construído um fosso no mesmo local. A construção do fosso circundando todo o campo acabou resultando na supressão de parte da arquibancada, reduzindo a capacidade do estádio para 55 mil lugares. Neste período, as arquibancadas abaixo do setor social foram integradas ao mesmo, passando a se chamar “setor social inferior”.
Quase uma década depois, em um clássico Atletiba, ocorrido em maio de 1997, a disposição do estádio é alterada. A torcida Coxa Branca que ocupava a curva de fundos passa a ocupar a curva de entrada, trocando de lugar com a torcida adversária que passa a ficar na curva de fundos próximo ao setor social.
Em 2003, com a sanção do Estatuto do torcedor, o estádio foi reorganizado com a demarcação dos assentos, resultando em uma nova redução de capacidade, passando a poder receber cerca de 40 mil pessoas. Nesta época, o Presidente Giovani Gionédis resolveu segmentar o setor de arquibancada, implantando cadeiras nas cores verde e branca em toda a reta da mauá e da curva de fundos.
Em 2012, na gestão do Presidente Vilson Ribeiro de Andrade, o clube anunciou a última etapa de ampliação do Estádio, com a criação do Setor ProTork. O novo setor coberto seria o mais moderno do estádio, funcionando como um segundo setor social, trazendo uma nova segmentação no interior do estádio, separando-se da curva de fundos. O novo setor é inaugurado em 2014, num clássico Atletiba vencido pela equipe alviverde com um golaço de Helder. Este Atletiba por sinal, foi o último clássico disputado pelo craque e ídolo Alex com a camisa do Coritiba.
Entre os anos de 2018 e 2020, as curvas de fundo e de entrada passaram por reformas, com algumas melhorias estruturais e uma nova pintura em branco com listras horizontais verdes, fazendo analogia ao sagrado manto alviverde, sendo esta, a última obra significativa no estádio.
A história evidencia que a construção, bem como todas as obras de ampliação e melhorias do estádio Major Antonio Couto Pereira foram fruto de muito suor e trabalho de seus dirigentes, e principalmente, de seus apaixonados torcedores. Nada veio de graça, muito pelo contrário. Por devemos sempre celebrar com muito orgulho e admiração a história aqui narrada, que simboliza a tradição centenária da Instituição Coritiba Foot Ball Club. Que as próximas gerações de torcedores e dirigentes do clube saibam dar continuidade a esse legado, para que o Estádio Couto Pereira continue sendo sempre o Coliseu da torcida Coxa Branca.
No último e derradeiro capítulo, traremos alguns fatos e curiosidades sobre o Estádio Couto Pereira, palco de memórias e momentos pessoais que cada torcedor Coxa Branca carrega no seu coração, e que tornam o estádio o retrato da união da família Coritibana.
Fonte/Fotos: Helênicos e Coritiba Foot Ball Club
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)