Carlos Maia Junior
Recentemente fiz uma longa análise denominada "A corrida pelo ouro" (parte 1, parte2 e parte 3), que mostrava um raio X de cada concorrente pelas tão disputadas 4 vagas para a série A de 2020, no início da competição. A partir dessa análise anterior e agora no meio do torneio, muitas previsões foram confirmadas, mas muitas também não, o que era de se esperar, dado o equilíbrio entre os times e as imprevisibilidades e nuances do mundo do futebol, que separa o sucesso do fracasso por uma tênue linha.
Após percorrido metade do trajeto, os competidores já jogaram entre si e se posicionaram bem ou mal no caminho. Todos já se conhecem e agora poderão traçar estratégias para o "sprint final" que se desenrolará nesses próximos 3 meses.
Pelo que se mostrou, o Red Bull Bragantino comprova seu favoritismo e já aparece com 98,6 % de chances de acesso (site chancedegol ). Pela pontuação e pelo que vem jogando, tudo nos leva a crer que seu acesso será bastante provável, a menos que uma catástrofe ocorra.
Atrás dele, está o Coxa, Atlético-GO e Sport, ambos praticando um futebol competitivo e com certo favoritismo para subir. Para isso, basta manter o futebol apresentado, as atitudes de vencedor e não se deixar cair pelos momentos de crise que poderão aparecer.
Mas não podemos descartar o pelotão do meio. As estatísticas sempre mostram que alguns times vindos desse pelotão acabam tendo uma boa sequência no segundo turno e abocanham uma ou duas vagas, como foi no caso do Goiás e Avaí ano passado, que com 27 e 29 pontos após a 19a rodada, conseguiram a vaga no fim. Nesse pelotão atual, estão Cuiabá, Operário, Paraná Clube, CRB, Botafogo-SP, Ponte Preta, Londrina e Brasil, todos embolados e bem próximos do G4. Cada um desses times apresentou altos e baixos no primeiro turno, mas mostraram que podem subir, principalmente se aprenderem com os erros e/ou caso reforcem o elenco.
E por último, um bloco mais preocupado com a parte de baixo da tabela, com América-MG, Criciúma, Figueirense e Vitória, além dos que estariam hoje rebaixados: Vila Nova, São Bento, Oeste e Guarani. Mas a proximidade de pontos não nos permite cravar qual deles deverá cair na corrida e descer a ladeira para a Série C. Pelos elencos e evolução na competição, estaria mais propenso a dizer que os times favoritos à queda seriam: Guarani, Figueirense, Vila Nova e Oeste. Esse último, apesar de um número de derrotas pequeno, possui um grande número de empates e vem caindo de produção a cada rodada. O Figueirense, mais pela trágica situação financeira em que vive, mas que ainda pode ser salvo por sua tradição nessa competição, e por ainda trazer alguns bons jogadores no elenco. O Vila Nova e São Bento têm oscilado bastante e vão brigar até o fim para fugir. Já para o Bugre, apesar da vitória na última rodada, dificilmente escapará da queda, pois teria que fazer uma campanha de 27 a 30 pontos no segundo turno, e não parece ter de onde tirar isso, a menos que contrate mais meio time e que encaixe, receita essa que não costuma funcionar.
A expectativa é que os classificados para a série A necessitem entre 63 e 65 pontos, podendo variar para um pouco mais ou menos. E o campeão, que será ainda agraciado com uma vaga nas fases finais da Copa do Brasil, conquistará o título com uma pontuação de 74 a 77 pontos, pelo histórico do torneio. Para a permanência, algo em torno de 44 a 46 pontos deve servir.
O Coritiba se posicionou bem nessa corrida. Passou por um começo de muita desconfiança, onde o time não funcionava bem nos setores, principalmente na meia cancha, sendo salvo pelos gols de Rodrigão. Mesmo a torcida e imprensa pedindo a cabeça do treinador e diretor de futebol antes da parada para a Copa América, a diretoria decidiu acreditar nos até então questionados Umberto Louzer e Rodrigo Pastana, e mesmo após uma péssima derrota para o Criciúma no retorno e um primeiro tempo desastroso contra o São Bento, onde tudo parecia perdido para esse time, eis que como por um passe de mágica, ou um espírito Krügeriano renascido como uma Fênix, o técnico (que estava prestes a cair) acertou o esquema de meio campo, e os jogadores começaram a evoluir jogo após jogo, criando confiança, e passando isso para torcida, que parece querer jogar junto com o time.
Que esses bons ares sejam trazidos para todo o segundo turno, que será bem mais difícil, já que os demais competidores também amadureceram e evoluiram, e lutarão com mais força pela parte de cima ou de baixo da tabela. Que cada jogo seja tratado como o último e que a sorte sopre a nosso favor.
No futebol, o céu e o inferno estão bem próximos, e no segundo turno muito pode ocorrer para o bem ou para o mal. Que o trabalho seja feito de forma correta para que ao final, o "ouro" pela conquista esteja nas mãos de nossos atletas, e que possamos comemorar novamente uma conquista, após um longo período de tristezas e fracassos.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)